O PROJETO STAND UPET

 

O projeto Stand Upet foi criado incialmente por alunos do curso de oceanografia da universidade do estado do rio de janeiro, a uerj, durante a greve de 2017 como ato de resistência frente ao sucateamento da universidade e a necessidade de fortalecer o diálogo entre o conhecimento acadêmico produzido nas salas de aulas, laboratórios e campos com os saberes práticos e tradicionais de populações originárias.

 

Nosso trabalho se fundamenta na confecção de pranchas de stand up a partir da reutilização de garrafas pet e a utilização destas como ferramenta de educação ambiental, abordando temas como: reciclagem, gestão de resíduos, divulgação científica da oceanografia e agroecologia. Através de palestras, oficinas, remadas e mutirões de limpeza de praia junto com projetos sociais, escolas, institutos, ongs e empresas, o projeto visa a reintegração das comunidades humanas e o ambiente natural que nos permeia, lançando mão de questionamentos críticos e propostas socioambientais alternativas. Frente aos desafios e problemáticas dos resíduos sólidos, em especial seus impactos em ecossistemas marinhos, entendemos que a construção de novos hábitos pessoais e coletivos deve se alinhar ao desenho e execução de políticas públicas justas e adequadas à realidade brasileira, compondo uma sinergia entre micro e macro políticas.

A prancha stand upet, ao mesmo tempo em que reutiliza e ressignifica um dos materiais plásticos mais consumidos atualmente, as garrafas pet que são majoritariamente descartadas de forma inadequada, ainda pode ser aproveitada para diversas atividades, a saber: suporte logístico a pescadores artesanais; aluguel para turismo de base comunitária; esporte; locomoção; lazer; aulas e coletas de campo, entre outras. O projeto stand upet emerge como projeto de educação ambiental crítica que anseia pela extensão universitária, isto é, a ruptura de barreiras entre universidade e outros setores da sociedade – promovendo assim a democratização do conhecimento científico que, dialogando com os conhecimentos tradicionais, potencializam transformações político-sociais

As pranchas pet são canais lúdicos por onde mergulhamos a fundo, teórica e praticamente, em questões atuais essenciais, tais como: consumismo; economia circular; hábitos de redução e ressignificação de resíduos sólidos; mandatos coletivos e ações em rede; a importância dos oceanos para toda vida terrestre; autonomia e segurança alimentar, para listar alguns. Afinal, entendemos que o cuidado com os ambientes marinhos começa em terra: nas nascentes e cursos d’água, matas ciliares, solos exauridos, e na manutenção de funções ecossistêmicas que nos permitem o controle de desequilíbrios e produtividade sem recorrer a agrotóxicos e outras químicas agressivas à vida.

O mundo dos resíduos sólidos, se considerado a partir da criatividade e cooperação, apresenta infinitas possibilidades de enxergá-los não como materiais sem uso e sem valor, o que entendemos como lixo, mas sim como recursos e possibilidades de ressignificação e questionamentos. Começamos com as pranchas e, hoje, criamos cestos, composteiras caseiras, vasos e tijolos, instrumentos musicais, chaveiros e brinquedos, tudo reutilizando lixo… Ops, resíduos.

A humanidade é constantemente movida e renovada pelas gerações futuras, jovens e crianças que alimentam os sentimentos de esperança e mudança. O stand upet é estimulado pela energia das crianças e pela força dos jovens que sonham, criam, se divertem, buscam, interagem, questionam e resgatam a pureza humana. Com elas o aprendizado é uma via de mão dupla, quando nós, na posição de educadores ambientais, na verdade aprendemos enquanto ensinamos. A construção do conhecimento é em conjunto e em cooperação. A existência é princípio coletivo